2.3.07

Audientes Inconvenientes

Apresentei-me hoje pela primeira vez em tribunal. Na qualidade de testemunha de um acidente de viação que presenciei (e que noutra altura vos explicarei), uma situação da qual decorreu uma morte muito drástica, ferido ligeiro e feridos graves.
Nas presentes condições do acidente, hoje foi a julgamento o arguido, acusado de homicídio e ouviram-se várias pessoas para provar e determinar que tipo de homicídio, voluntário ou involuntário, ocorreu durante todo este processo.
Ir a tribunal, pela primeira vez, e para testemunhar numa situação que nos é particularmente complicada, deixa-nos num estado de tensão absoluto, embaraçoso e difícil de digerir. Ver o arguido, também nosso conhecido, a entrar com a família em peso, tribunal a dentro sem saber exactamente o que vai acontecer na saída do mesmo, é uma sensação muito estranha. Os diferentes lados, acusação e defesa marcam a sua posição num terreno muito definido, e quando somos "emaranhados" na situação, apercebemos-nos perfeitamente que é como uma dualidade,um frente a frente, um verdadeiro confronto.
Enquanto as testemunhas esperam para ser ouvidas, gera-se o pânico na sala de estar, o estômago na boca, o coração nas mãos; as primeiras vezes são sempre assim.
São muitos aqueles que vão assistir, a audiência é uma porta aberta, faz sentido apoiar os familiares do falecido,os amigos, e até aqueles que apareceram no local poucos minutos depois do acidente, mas será que alguém me consegue explicar, o que fazem na audiência pessoas que não eram, nem amigas, nem tão pouco próximas, e mal eram conhecidas do falecido? Algumas das quais nem o falecido suportava? Acham que uma situação destas é uma festa aberta, onde vamos desfilar perante pessoas que estão num estado tal de tensão? Acham que a vossa presença é importante e relevante ao ponto de se sentirem capazes de dizer: "eu acho isto, penso aquilo, não deviam ter dito x, correu bem ou correu mal". Coitadas dessas pessoas. Nem presentes neste infeliz acidente estiveram, mas sentem-se muito importantes e capazes de fornecer uma opinião que ninguém pediu.
Deviam era ter dois dedos de testa e 'tocarem-se' que não são minimamentes importantes pró caso, que a vossa opinião não interessa nem ao menino jesus e que essas atitudes só reforçam a atitude hipócrita,cínica e nojenta que têm.

O "espetáculo" ainda não acabou, e a vossa 'cusquice' também não, lá vos espero ver na próxima sessão com o mesmo modo opinativo e prepotente.

4 comentários:

Alê Quites disse...

Ops!
Adorei seu blog.
Voltarei!
Namastê!

Ah! Bom final de semana!

Unknown disse...

É assim o povo da nossa praça. sempre "felizes" com a desgraça dos outros.Se, por ventura, ocupassem o tempo a fazer algo produtivo, este pais andava para a frente.
Força para a próxima. Por aquilo que a justiça nos acostuma, ainda deve ser apenas a primeira de muitas.

marinheiraguadoce a navegar

violeta disse...

As audiências são públicas.
Tal está expressamente consagrado na Constituição.
E a sua publicidade não é para cusquisse mórbida ou apoio das vítimas ou arguidos.
As audiências são Públicas para que se veja a JUSTIÇA ser feita... Porque a JUSTIÇA faz-se às claras e de portas abertas
(para que não se fale em corrupção)

Maggie disse...

São opiniões kikas. Aqui não se trata da questão de fazer justiça ás claras ou não. Trata-se da inconveniência de pessoas que assistem sim a audiência, que tem direito de fazê-lo, mas para as quais é indiferente fazer-se justiça ou não. Porque o assunto não lhes diz qualquer tipo de respeito, nem quanto á pessoa de quem se trata, nem á situação.

 

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