4.2.10

O negro do Saxofone


O Club era amplo, escuro mas muito movimentado. As luzes incidiam sobre uma plataforma com vários músicos ao vivo, djs e duas vozes femininas que trocavam palavreado embaladas pela mistura entre o jazz, soul, hip hop, funk, house e drum & bass. A proposta dos Wicked Jazz Sounds era simples :dançar com um sorriso. Subimos ao primeiro andar, o corpo já mexia, o som, começava a fluir.

Alto, pele cor de chocolate e da ponta dos cabelos até aos olhos tudo era negro. O típico saxofonista que podia ser americano mas é, provavelmente, holandês. Os dedos compridos deslizavam por cada um dos 26 orifícios e contagiavam os meus ouvidos. Fecho os olhos. O som aproxima-se. A sonoridade era como uma atracção fatal à qual não conseguia resistir. Ele estava ali, eu sentia cada um dos seus sopros. Embebido na música, sereno, de olhos adormecidos e apaixonados. Uma jovem mulher observa a sua chegada, aproxima-se, posiciona-se com um olhar atraente e interessado e pergunta-lhe qualquer coisa, Segue-se um último sopro de olhar fixo sobre a jovem mulher e uma pausa com Whisky e cigarros para sorrir. Ao longe, a música abafa a conversa dos dois. Flirt com cena de cinema à mistura.

No ar fica a sedução. Os meus olhos, semi-abertos, ainda estavam absorvidos pelo som das notas. Encantaram-se ao sabor da música que se fazia. Ele despede-se, sorri, volta, para junto de nós, com o saxofone ao peito, cada vez mais perto de nós. Abro os olhos, lá estava ele.

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